Práticas culturais conjugadas

Na referência (MIGUEL, 2014), para a qual remetemos o leitor para esclarecimentos adicionais acerca da noção de PRÁTICAS CULTURAIS, JOGOS CÊNICOS DE LINGUAGEM e JOGOS DE LINGUAGEM ORIENTADOS POR PROPÓSITOS NORMATIVOS, este autor remete para o seguinte exemplo dado por Jean Lave do que aqui estamos denominando práticas culturais conjugadas:

Eu posso ler enquanto faço tricô. Algumas vezes, o processo de tricotar dá forma ao processo de leitura. Eu poderia ler enquanto tricotasse uma fileira, mas esperar para virar a página até que a fileira estivesse terminada, ou interromper a leitura para apanhar um ponto que houvesse escapado. Outras vezes, leio até o final da página antes de começar uma nova fileira, tricotando mais rapidamente conforme o enredo vai se complicando, ou apertando um pouco os pontos quando cresce a tensão. [...] Fazer tricô é um meio de estruturação para o processo de leitura, e a leitura fornece os meios de estruturação que dão forma e pontuação ao processo de fazer tricô. As atividades dão forma uma à outra, mas não necessariamente de maneira idêntica. Habitualmente, uma atividade vai progredindo e condicionando a forma da outra, mais do que sendo condicionada por ela (LAVE, 2003, p. 98-99).

É importante observar que Lave não utiliza a expressão “práticas culturais conjugadas” -  como estamos aqui fazendo - para caracterizar o seu próprio exemplo. Além disso, Lave se refere à prática cultural da leitura e à prática cultural de tricotar ora como processos, ora como atividades, mas não propriamente como práticas, como estamos aqui fazendo.